31 jul A guerra contra os feudos a favor da colaboração nas organizações
Nosso primeiro post, A guerra contra os feudos, ilustra um problema muito comum em empresas de todos os setores e portes. Tenho certeza que você já vivenciou ou vivencia algo parecido no seu trabalho!
Sabe quando as pessoas, equipes, departamentos ou filiais ficam ‘cada um no seu quadrado’, pensando unicamente em fazer a sua parte, sem em se importar com a necessidade de se ter a visão do todo? Pois é! Em tempos em que a competitividade nos mercados e os desafios diários vem aumentando, este tipo de atitude pode não ser tão interessante.
Espero que gostem da leitura, comentem, postem casos semelhantes, enfim, compartilhem seu conhecimento e opinião conosco!
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Boa leitura e um grande abraço,
Milly
A guerra contra os feudos
Lin viajou por mais de 30 horas de Pequim para o Rio de Janeiro. Nandan veio de Nova Deli e também levou cerca de 24 horas para chegar. Já Bruce decolou de Nova Iorque e atravessou o Atlântico em 10 horas. Apesar do cansaço pelas longas viagens, os três estavam curiosos e com uma pontinha de ansiedade, pois o treinamento para líderes, baixo a nova direção iria começar!
Depois da apresentação de boas-vindas que contou com o discurso do novo CEO da empresa via vídeo conferência, os 50 líderes foram direcionados a uma outra sala onde grandes desafios lhes esperavam!
Fora alguns encontros anuais, poucos se viam e se comunicavam com alguma frequência e, embora ocupassem o mesmo cargo em países diferentes, cada um possuía um conjunto de competências distinto. Lin sempre foi muito boa em manter o foco e em implementar com excelência as estratégias que lhe eram passadas. Nandan adorava planejamento e processos e não conseguia fazer nada sem eles, enquanto Bruce, comunicativo, primava por realizar um eficiente acompanhamento da evolução de seus projetos.
Naquela tarde ensolarada, os três faziam parte da mesma equipe, mas o objetivo da atividade, era que todos os 50 participantes conseguissem reproduzir e montar um belo e complexo quadro de Botero.
O desafio era extremo! Ninguém tinha afinidade artística, então, como reproduzir a obra-prima desse grande gênio da arte contemporânea? Além disso, havia as barreiras do idioma e das culturas a serem vencidas, sem falar do tempo para finalizar o projeto que era curtíssimo!
A empresa era conhecida por estimular a competição interna entre filiais e, por muito tempo, se beneficiou desta cultura. No entanto, estava tendo por muitos problemas de relacionamento e comunicação. As filiais de todo o mundo pareciam feudos em constante guerra entre si e poucos conseguiam ter a visão do todo. Com esta atividade, o novo CEO objetivava mudar tudo isso.
“Estava muito difícil que todos entrassem em acordo. Cada um queria ter uma ideia melhor que a do outro e dividir as funções também estava complicado. O pior é que um quarto do tempo total havia passado e não tínhamos nem começado! Íamos prejudicar o grupo inteiro se não fizéssemos a nossa parte!” – afirmou Lin durante a atividade, já com uma nota de preocupação em sua voz.
Até que Nandan, um dos mais experientes da equipe, conseguiu a atenção de todos e falou: “Não há mais tempo para discussão”. – todos concordaram balançando a cabeça. – “Vamos decidir o que devemos fazer. Como temos três principais funções, minha sugestão é dividir o time em três departamentos, como desenho, pintura e comunicação. Quem se voluntaria para assumi-los?” – Lin respondeu: – “Eu me voluntario para liderar o departamento de desenho.” – “E eu o de Comunicação.” – afirmou com entusiasmo Bruce. E Nandan ficou com o de pintura.
Todos estavam nervosos, pois o desafio era enorme. Mesmo com a reorganização, o tempo parecia voar e o menor erro poderia comprometer a entrega da obra final! Antes de cada um assumir seu papel, era evidente que havia muito a ser melhorado! Cada equipe estava tentando sozinha desenhar a sua parte sem olhar e falar com os demais. O risco dos traços não se casarem era enorme! Além disso, cada time estava criando sua cartela de cores, sem se preocupar com os outros o que, sem dúvida, não lhes traria um bom resultado final.
Ao assumir o seu papel, Lin, com seu espírito colaborativo e habilidade em matemática, passou a supervisionar e auxiliar seus companheiros a calcularem a medida exata para que o quadro tivesse a escala e simetria correta. Nandan, por sua vez, coordenou com as demais equipes a criação das cores e o volume de produção para que fosse suficiente para todos, mas evitando também o desperdício. Bruce estava o tempo todo em contato com os demais grupos para alinhar os desenhos e depois os tons da pintura.
Tudo parecia funcionar bem até que os quinze minutos finais chegaram! Algumas equipes como a de Nandan, Lin e Bruce estavam muito atrasadas. Somente com um milagre poderiam atingir o objetivo no tempo estipulado! O pior é que havia grupos que já tinham terminado e seus participantes ficaram só observando os demais.
Quando ninguém mais acreditava que seria possível alcançar o objetivo no prazo determinado, o milagre aconteceu: um integrante de um dos times ociosos começou a ajudar as equipes atrasadas. Bastou este exemplo de atitude proativa para que houvesse um click de consciência coletiva e os demais participantes passassem a ajudar também. Um a um foi entendendo que não importava acabar primeiro e sim que era preciso que todos terminassem a obra toda.
Foi uma experiência linda de se ver! O grupo foi capaz de uma incrível façanha: reverter uma situação adversa ao deixar de lado a rivalidade que havia entre eles. Esta sede por competição que estavam acostumados a ter não fazia sentido naquela atividade e não mais no dia-a-dia da empresa.
Quando terminaram, ficou evidente o orgulho e sentimento de superação no semblante de todos os participantes. Foi então que, para a surpresa de todos, o novo CEO que deveria estar na sede da companhia em Londres, surgiu na sala aplaudindo o exitoso resultado: “Parabéns meus caros líderes! A obra ficou maravilhosa! Quem pode me dizer como conseguiram atingir este resultado tão fantástico?
– Acredito que cada um fez o seu melhor. – opinou Nandan
– Sem dúvida, aqui, vejo o melhor de cada um. – concordou o CEO – o que mais?
– Nós nos comunicamos para que o desenho ficasse simétrico e as cores fossem as mesmas.- acrescentou Lin
– Exato! Sem uma comunicação eficiente, o resultado final seria um desastre! Nesta atividade, adiantava somente uma equipe terminar a sua parte? – instigou o CEO
– Não, tínhamos que terminar tudo! – respondeu Bruce
– E o que estas reflexões têm a ver com o nosso dia-a-dia na empresa? – questionou o CEO
– A analogia que consegui fazer com o nosso dia-a-dia foi que auxiliar as demais filiais é tão importante quanto ser a que traz mais resultados para a companhia. – afirmou Nandan
– Bingo! É isso mesmo que eu gostaria que vocês enxergassem Nandan! Faz alguns meses que estou na empresa, mas já percebi que a competição entre as filiais está trazendo mais resultados negativos que positivos. Vocês são excelentes no que fazem, mas tenho certeza de que se se comunicassem mais, descobririam que passam por desafios semelhantes. Sem dúvida, a experiência de um pode trazer respostas com muito mais eficiência para outro que está vivenciando um problema equivalente. Assim como esta atividade, nossa empresa também tem um objetivo único e maior que o de uma filial. Vejam o resultado esplêndido que conseguiram juntos! É esta riqueza de conhecimento que eu quero que compartilhem entre si.
Um dos cases de sucesso da Harvard Business School que me inspirou a tomar esta decisão é o Global Knowledge Management at Danone no qual todo ano milhões de euros deixam de ser gastos com retrabalho, pois a empresa conseguiu cultivar uma cultura de colaboração e compartilhamento de conhecimento. Sem contar com a o ganho na agilidade de resposta que vem trazendo imensuráveis e interessantes resultados. Obviamente que para chegarmos lá, a frequência de nossas reuniões aumentará e mudanças importantes em relação as nossas métricas de avaliação de desempenho serão implementadas. Podem ter certeza que acompanharei tudo isso com bastante atenção. Nesta semana de treinamento, falaremos mais sobre essas mudanças e vou ouvir atentamente a opinião e sugestões de vocês. Estarei sempre aberto ao seu feedback, porque quero que construamos esta nova cultura juntos.” – satisfeito com o primeiro impacto de uma série de ações que estavam por vir, o CEO parabenizou mais uma vez o resultado alcançado, agradeceu a atenção de todos e encerrou o treinamento.
Conheça a atividade que inspirou o conto ‘A guerra contra os feudos’ clicando aqui
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